O Xamanismo e as Comparações
A Ilusão da Medida, o Esquecimento do Ser
Entre os povos nativos da América do Norte, comparar-se sempre foi visto como um sinal de perda da própria Medicina.
Para as tradições Lakota, Cheyenne, Hopi e Cherokee, cada ser chega ao mundo trazendo um dom único, um presente do Grande Mistério, impresso na alma antes mesmo do nascimento.
Os Anciões ensinavam:
“O Búfalo não tenta ser Águia. A Águia não tenta ser Lobo.
Cada Espírito honra o caminho para o qual nasceu.”
Comparar-se, para eles, era desviar-se do próprio Caminho Sagrado, um rompimento com o Norte interno — o ponto da bússola da alma que revela identidade, valor e direção.
Assim, a comparação era vista como uma forma de fuga espiritual, uma distração que coloca a consciência para fora do eixo.
E fora do eixo, o ser humano perde a visão, a força e a gratidão.
Nas tradições xamânicas das nações Lakota, Navajo, Cree, Hopi e Apache, o sofrimento humano tem uma causa essencial:
o esquecimento do Ser.
Comparar-se, sentir-se inadequado, competir ou buscar aprovação — tudo isso, para os Anciões, era entendido como perda da conexão com a própria Medicina.
Os povos ensinavam:
“Quando o ser humano se esquece de quem é, começa a medir-se pelo que não é.”
A cura vem de:
Retornar ao próprio Caminho
Honrar o dom do outro sem desonrar o seu
Escutar o Norte interno
Restaurar a Medicina pessoal
Os Anciões ensinavam:
“Honrar o outro é honrar o Grande Mistério.
Comparar-se é abandonar o Grande Mistério.”
Na psicologia moderna, comparação é reconhecida como um dos mecanismos mais prejudiciais à autoestima e ao bem-estar, pois ativa:
• padrões de inferioridade
• distorções da autoimagem
• competitividade doentia
• loops de inadequação
• sensação de insuficiência crônica
O ego, para validar-se, precisa medir-se.
A mente egóica não sabe ser, ela só sabe comparar — e por isso está sempre inquieta.
A neurociência mostra:
quando nos comparamos, ativamos redes cerebrais associadas à ameaça, medo e autoproteção.
Não há paz possível enquanto o cérebro está em modo de defesa.
Vivemos na era das métricas:
• números
• curtidas
• validação
• performance
• aparência
• conquista
• velocidade
E o ego moderno, estimulado por esse ambiente, transformou a comparação em uma espécie de vício social.
Comparamos o corpo, a carreira, a espiritualidade, o relacionamento, o ritmo da jornada, e até o processo de cura.
A comparação é a forma mais rápida de nos afastarmos de nós mesmos.
Quando honrado, ele se expande.
Se unirmos o olhar ancestral e o olhar moderno, vemos:
Comparar-se é afastar-se de quem se é.
Honrar-se é retornar ao próprio caminho.
A consciência verdadeira não compete — ela reconhece a unidade por trás das formas.
Os povos nativos dizem:
“Quando honro o seu dom, honro o meu também.”
Comparar-se é esquecer o dom.
Honrar é lembrar-se dele.
Sabedoria Ancestral do Xamanismo para o Ego.
A Ilusão da Medida, o Esquecimento do Ser.
Carlos Fernandes


