O Xamanismo e a Arrogância
A Ilusão da Montanha mais alta.
Visão do Xamanismo Ancestral:
Entre os povos da Terra, a arrogância é vista como um vento do norte que sopra frio e orgulhoso sobre o coração humano.
É o vento que tenta convencer a montanha de que ela é mais alta que o céu.
Mas o xamã sabe que a montanha não se eleva para ser maior que as outras — ela apenas se ergue para tocar o Sol.
A arrogância, para os antigos, é um espírito que surge quando nos esquecemos da teia da vida — quando acreditamos ser separados, isolados, autossuficientes.
Ela é o eco do ego, que grita: “Olhem para mim!” enquanto o coração sussurra: “Eu me perdi.”
O remédio sagrado contra esse espírito é a humildade da Águia, que voa alto não para dominar, mas para ver mais longe.
A verdadeira visão nasce quando a alma se curva diante do Grande Mistério.
A Natureza do Ego:
A arrogância é a ilusão da superioridade, a máscara dourada de uma ferida profunda.
Ela nasce quando o ego, desconectado da essência, precisa se afirmar como “alguém” para não sentir o vazio de quem esqueceu o Ser.
É o medo disfarçado de força.
É a insegurança vestida de certeza.
É a necessidade de estar certo, porque o ego teme desaparecer se for humilde.
A mente arrogante compara, separa e julga.
Ela busca poder porque teme o amor.
Mas o amor, quando é verdadeiro, não precisa vencer — apenas iluminar.
A Compreensão Consciente:
Toda vez que nos colocamos acima de alguém, nos afastamos da unidade que nos sustenta.
A arrogância é o espelho invertido da vergonha: ambos são filhos do esquecimento de quem somos.
A cura não é o rebaixamento, mas o retorno à presença.
“O ego quer sempre estar certo.
O Ser não precisa estar certo — ele simplesmente é.”
A humildade não é autodepreciação.
É o reconhecimento silencioso de que todos somos expressões do mesmo Espírito respirando formas diferentes.
O sábio não diz “eu sei”; ele sorri e continua aprendendo.
Exercício Integrativo — O Vento da Montanha:
1. Sente-se em silêncio e feche os olhos.
2. Imagine-se no topo de uma montanha. O vento sopra forte — é o vento da arrogância, que traz julgamentos, certezas e comparações.
3. Inspire esse vento profundamente e o deixe atravessar o seu peito.
4. Expire lentamente, devolvendo-o à Terra, dizendo internamente:
“Eu não sou melhor do que ninguém.
Cada ser tem seu lugar no círculo da vida.”
5. Ao final, toque o chão e agradeça:
“Grande Espírito, ensina-me a ser vento, não tempestade.”
A arrogância cai quando o coração se ajoelha diante do sagrado.
Aquele que reconhece a grandeza da vida não precisa provar a própria importância.
A montanha que se curva para o vento continua sendo montanha — mas agora conhece a suavidade do céu.
Sabedoria Ancestral do Xamanismo para o Ego.
Arrogância – A Ilusão da Montanha mais alta.
Carlos Fernandes


